Você sabe o que é depressão?

Você sabe o que é depressão?

Quero começar este artigo fazendo outra pergunta: você já se sentiu triste?

Talvez a resposta a esta pergunta seja muito óbvia, pois a tristeza é inerente ao ser humano, é um sentimento que faz parte do nosso cotidiano. Mas, se eu mudasse a pergunta: você já sentiu uma tristeza tão grande a ponto de se tornar insuportável?

Sentir-se triste quando perdemos algo muito importante, uma pessoa querida ou por não conseguir alcançar um objetivo é completamente esperado, no entanto se essa tristeza se torna muito intensa e duradoura pode ser que algo está errado e talvez seja preciso buscar ajuda de um profissional, pode se tratar de uma depressão.

É como é feito um diagnóstico de depressão?

Existem algumas classificações que nos ajudam a entender quais os sintomas que caracterizam a depressão. Segundo o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, 1993), o número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave. O individuo habitualmente sofre de humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída. Cansaço marcante após esforços apenas leves é comum. Outros sintomas são comuns: concentração e atenção reduzidas; autoestima e autoconfiança reduzidas; ideias de culpa e inutilidade (mesmo em tipo leve de episódio); visões desoladas e pessimistas do futuro; ideias ou atos autolesivos ou suicídio; sono perturbado; apetite diminuído. A duração mínima de um episódio deve ser de duas semanas.

Segundo o Dalgalarrondo (2000), os subtipos de síndrome e transtornos depressivos mais comuns na prática clínica são:

  • Episódio ou fase depressiva e transtorno depressivo recorrente: caracterizado por humor deprimido, anedonia, que é a capacidade de sentir prazer, fatigabilidade, diminuição da concentração e da auto-estima, idéias de culpa e de inutilidade, distúrbios do sono e do apetite. Episódios duram geralmente entre 3 a 12 meses;
  • Distimia: tendo como sintomas mais comuns a diminuição da auto-estima, fatigabilidade aumentada, dificuldade em tomar decisões ou se concentrar, mau humor crônico, irritabilidade e sentimento de desesperança. Seus sintomas devem permanecer presentes por, pelo menos, dois anos;
  • Depressão atípica: além dos sintomas depressivos gerais, há um aumento do apetite, hipersomnia, que dormir mais que 10h/dia ou 2h a mais quando não está deprimido, Sensação do corpo muito pesado, sensibilidade exacerbada a “indicativos” de rejeição, reatividade do humor aumentada e fobias;
  • Depressão tipo melancólica ou endógena: além dos sintomas depressivos gerais, pode haver uma lentificação psicomotora, perda do apetite e de peso corporal, alterações do sono, anedonia, que é a capacidade de sentir prazer, depressão pior pela manhã, melhorando ao longo do dia, hiporratividade geral, que é uma queda muito brusca da atividade diária, tristeza vital, diminuição da latência do sono e idealização da culpa;
  • Depressão psicótica: considerada grave, pois além dos sintomas depressivos gerais vem acompanhado de sintomas psicótico, com delírios e alucinações;
  • Estupor depressivo: é um estado muito grave, na qual o paciente permanece muitos dias na cama ou sentado, imóvel, em geral rígido, quase não há resposta ao ambiente, geralmente em estado de mutismo, não fala, recusa alimento, chegando ao ponto de urinar e defecar no leito. Nesse estado o paciente pode desenvolver diversas complicações clínicas e no pior das hipóteses pode vir a óbito;
  • Depressão agitada ou ansiosa: vem acompanhada de forte componente de ansiedade e inquietação motora, queixa-se de angústia associada aos sintomas depressivos, não conseguindo parar quieto, irritado, anda para um lado e para o outro, desespera-se. Neste quadro há um grande risco de suicídio;
  • Depressão secundária ou orgânica: é causada ou associada a outra doença como hipo ou hipertiroidismo, hipi ou hiperparatireoidismo, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Parkinson e acidentes vasculares cerebrais (AVC).

E existe tratamento?

Sim, existe e é reversível, dependendo do grau de avanço do transtorno. As formas mais eficazes de tratamento são as medicamentosas e psicoterapêuticas, abrangendo as dimensões biológicas, psicológicas e sociais.

O tratamento com os antidressivos é importante, pois agirá quimicamente nos setores do cérebro responsáveis pelo humor, buscando sua estabilização, produzindo em média uma melhora entre 60 e 70% dos sintomas depressivos em um período de um mês. Juntamente com ele o tratamento psicoterapêutico é extremamente importante, pois visa uma estabilização psíquica e social do paciente, possibilitando mudanças e maior qualidade no estilo de vida.

Nos casos crônicos de depressão pode se fazer necessária a internação por conta de tendências suicidas, para guardar a integridade física do paciente.

É importante dizer que a família tem um papel fundamental tanto para a identificação de um transtorno depressivo quando na eficácia do tratamento.

Caso você conheça ou tenha alguns dos sintomas descritos, procure um profissional da área da saúde, um médico, psiquiatra ou psicólogo o quanto antes, pois quanto mais cedo é feito o diagnóstico, menos prejuízos terá e mais eficaz será o tratamento.


Esdras Oliveira

Psicólogo – CRP/SP nº 06/103050